
Chega ao fim nesta segunda-feira (15) uma das formas mais tradicionais de transferência bancária no Brasil: o Documento de Ordem de Crédito (DOC). Segundo a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), a emissão e o agendamento de DOCs poderão ser realizados apenas até as 22h de hoje. Após esse horário, o serviço será oficialmente descontinuado.
Mesmo após essa data, os clientes ainda terão até o dia 29 de fevereiro para efetivar agendamentos já programados. A partir daí, nem o agendamento nem o processamento por parte dos bancos estará mais disponível.
Junto ao DOC, também será encerrada a modalidade de Transferência Especial de Crédito (TEC), utilizada por empresas para o pagamento de benefícios a funcionários. No entanto, com a popularização de soluções mais modernas, como o Pix, esse tipo de operação também perdeu espaço e relevância no sistema financeiro.
Pix assume protagonismo nas transações
O avanço do Pix no país foi o principal fator que levou à extinção do DOC e da TEC. De acordo com Walter Faria, diretor-adjunto de Serviços da Febraban, os clientes praticamente deixaram de utilizar essas modalidades. Criado em 1985, o DOC foi aos poucos sendo substituído por meios mais rápidos e acessíveis.
Desde o lançamento do Pix, em novembro de 2020, o sistema bancário brasileiro passou por uma transformação significativa. O levantamento mais recente da Febraban, com base em dados do Banco Central, mostra que no primeiro semestre de 2023 foram realizadas apenas 18,3 milhões de operações via DOC, o que representa apenas 0,05% do total de 37 bilhões de transações feitas no período.
Para efeito de comparação, o número de cheques compensados no mesmo intervalo foi de 125 milhões. Já as transações via TED somaram 448 milhões, boletos bancários ultrapassaram 2 bilhões, e os cartões de débito e crédito empataram com 8,4 bilhões cada. O destaque, no entanto, ficou com o Pix, que liderou com impressionantes 17,6 bilhões de operações.
Queda no uso e limitações contribuem para o fim
Além da baixa demanda, as limitações dos formatos DOC e TEC também pesaram para sua extinção. Em ambas as modalidades, o valor máximo permitido por transação era de R$ 4.999,99. Embora fosse possível agendar transferências para contas de diferentes instituições financeiras, a lentidão do processo tornava essas opções pouco atrativas em comparação ao Pix.
Enquanto o DOC leva até um dia útil para ser compensado, a TEC permitia que os recursos fossem transferidos até o final do mesmo dia da ordem. Ainda assim, ambas ficaram defasadas frente à agilidade e gratuidade do Pix, disponível 24 horas por dia, inclusive nos fins de semana e feriados.
Segundo a Febraban, a decisão de descontinuar o DOC e a TEC representa um avanço natural no processo de modernização do sistema financeiro brasileiro, que tem priorizado eficiência, velocidade e comodidade nas transações para empresas e consumidores.
Com isso, encerra-se um capítulo importante da história bancária do país, marcando o fim de uma era e consolidando o Pix como principal meio de pagamento e transferência no Brasil.